três marias.
são três sinais convidativos para um dengo
quando os tecidos encontram os caminhos do chão
revelam no colo uma constelação inteira
cada estrela tem sua cor
sua forma y textura
o único caminho que meus lábios conseguiram fazer
foi do queixo ao umbigo
os olhos se apertam y as bochechas avermelham
num frenesi a gente perde a hora y se permite experienciar
um cheiro
um beijo
um arrepio
fazem parte daquilo que somos e queremos
é como se fosse um bolo recém saído do forno
espalha o cheiro pela casa
toca nos afetos e transborda sensações
a única coisa que dá vontade é de passar um café
y esperar o ponto de desenformar o bolo
se deliciando com cheiro do café misturado
com o bolo-afeto
em êxtase a gente se olha e repete sorrindo:
tô fudida! tô fudido!
não, não estamos
estamos aproveitando o cheiro do bolo
do cangote o carinho o encantamento
me sinto à vontade
percebo que
estou em casa
encontro de corpos encruzilhados
com o fervor carnavalesco
os olhos brilham como
glitter dourado que espalhei
na tua pele na primeira vez
que me perdi no labirinto
dos teus lábios
me perco e me encontro na mesma proporção
aqui ninguém almeja pedestal
quanto mais livre mais bonito
quero estar ao lado e nunca acima
procuro palavras pra te escrever
um xote com uma sinfônica ao fundo
pra te ver sorrir e corar
mas só encontrei
passe livre pro teu cangote
e é tudo que importa
pro meu coração, amô.