ruínas.
empoeirada e aflita busquei outras formas de sair do meio daquele lugar que parecia ir ao chão a qualquer momento.
se demorasse mais 2 ou 3 dias parada no mesmo lugar, talvez estivesse soterrada nos entulhos daquilo que já fui.
estava prestes a começar a confecção da minha própria lama: poeira do que já desmoronou em outros momentos e lágrimas. é através dessa feitura que dá-se o passo inicial do único lugar que não desejo voltar em mim. e, ao invés de aninhar no chão das ruínas e me deitar novamente no assoalho frio, decidi subir nos entulhos e avistei uma luz.
subindo com pressa e com medo de não conseguir, me agarrei na luz da alegria coletiva e fui. por um lapso de consciência, fui sem medo.
cores brilhantes e fantasia foram a escolha para usar de vestimenta quando fui subir nos acúmulos de incômodos, tristezas, ruínas do que já fui e quinquilharias que ainda não voltaram ao remetente.
atrás da luz que brilhava tímida, andei sem me cansar e, surpreendentemente o divertimento foi transbordante no caminho que foi sendo trilhado.
entre risadas, abraços, suor e fluídos corporais trocados encontrei a força motriz da subida de um barranco que de longe parecia difícil de vencer e a subida foi juntamente com o calor do povo. numa força escorregadia, embriagada e alegre.
começo a ver a luz se afastar de novo com um letreiro de Aruanda me dizendo: não para! continua! respira e segue! não para!
não precisei buscar, desenterrar meus corpos e nem recutucar cicatrizes para ver se segue saindo alguma gota de sangue. me mantenho firme no pensamento de que eu mereço afeto e que se não me permitir, escorregarei novamente no tobogã instalado no barranco.
não desejo e nem quero utilizar da dor e do medo como pano de fundo para esse novo caminho, já aprendi o que deveria e acredito que seja parte do processo de cura que busco a anos querendo repousar.
sigo leve, aproveitando os momentos, embriagada no afeto e sorridente aos quatro cantos.
me permito ser e estar no afeto sem deixar o medo amarrar meus pés porque o amor está servido na mesa, Nina!