qual é a tua, hein?!
hoje eu tive uma sessão de terapia que me derrubou. finalmente, me vi aplicando aquilo que freud escreveu e me encantou: associação livre. não que eu não faça, né? mas dessa vez foi muito consciente.
sabe o que mais me doeu? me dar conta que eu não soube (e ainda não sei) o que fazer quand vi que conquistei aquilo que eu mais escrevi aqui mas não coloquei tão claramente: uma relação conquistada através de afeto. sem utilitarismo ou obrigações. e, hoje eu me dei conta que eu não faço a menor ideia de como reagir ou não bugar com isso.
bom, sabe o que é difícil? assimilar depois de todas as relações que já tive na vida que essa relação que eu tenho com o mau é pura e simples na base do afeto, da sinceridade, da amizade, do amor, da tranquilidade… eu entendi, aceitei e acolhi quando entendi que era comigo e que a gente namorava e que esse é o jeito que eu quero e busco que sejam as minhas relações daqui pra frente. qualquer relação.
e aí, a bomba que caiu na minha cabeça hoje durante a terapia foi não saber muito bem o que fazer quando percebi que tô esgotada, cansada e não aguento mais levar esse trabalho que é de tempo integral sem ter alguém pra partilhar comigo: a maternidade. e buguei ao me dar conta de que indo morar com ele, vou precisar dividir se não vou explodir.
desde quando a luna nasceu, eu fui quem esteve o tempo inteiro aqui. acordada madrugadas à fio quando ela ficou doente ou simplesmente dormiu o dia inteiro junto comigo porque eu não conseguia mais ficar acordada de tão cansada que estava. fui eu quem ficou acordada horas depois dela dormir pra lavar roupa, costurar, limpar a casa e finalmente conseguir tomar banho tranquila pra deitar. foi eu quem ensinei a andar, falar, tô ensinando a pensar, a ter pensamento crítico e afrontar injustiças. fui eu e sou eu que estou aqui. e quando me perguntam sobre o pai dela eu digo que tá por perto, tá pagando conta e fica às vezes com ela… mas eu sempre me senti sozinha nessa jornada. eu sempre me vi mãe solo.
e agora, me vi cansada demais pra exercer essa função sozinha e tudo que eu queria era dividir com alguém. chegou esse alguém que topou dividir comigo e eu não sei nem como reagir, sinceramente… novo demais e confuso demais pra minha cabeça! e, hoje minha psicóloga me pediu para pensar sobre essa demanda, esse medo e esse receio de deixar e compartilhar com quem me ama e ama minha filha e finalizou a sessão dizendo:
“no decorrer da nossa caminhada juntas, você vem me trazendo esses reclames, esses medos e sempre tá visível o quanto você está cansada de exercer essa função sozinha. como você já sabe, suas relações sempre se dão por meio de obrigações e traz esse discurso sempre, mas por que não deixar fluir e aproveitar que essa relação é por puro afeto? e eu te pergunto: está valendo à pena ocupar esse lugar de cobrança de quem deveria fazer esse papel com você e não faz?”
contudo, só quero utilizar esse espaço para fixar as reflexões e apontamentos que sobressaíram na sessão de hoje. e, eu comecei falando que não tinha nada pra falar… mas deixei a boca falar daquilo que o inconsciente tá cheio.
e, também para mais uma vez, agradecer ao xodengodengo por todo esse caminho que estamos trilhando juntos. por todas as oportunidades de afetos, cuidados, carinhos e acolhimento que aparecerem no decorrer dessa vida juntos. por ter estado e continuar estando disposto a me acolher e amar quem eu pari nesse mundo. e agradecer mais ainda por topar dividir e me apoiar nessa loucura que é a maternidade solo… que não é mais tão solo assim…
te amo, te admiro, te acolho e te guardo no meu coração. gratidão, meu dengo!