pedagogia de encruzas.

sobrevivendo nos escombros de uma noite
vagando durante dias
queimei neurônios y questionei meio mundo
espiritual

me cansei de (re)pensar
vestida com tecidos finos
quase nua
uma fogueira queimando no peito
gargalhadas vararam a noite
rompendo a colonialidade
fez-se quilombo*aldeya
numa mesa de bar

cigarros acesos
defumaram os corpos
aromatizando aquilo que somos
o samba no pé da nega
viúva negra bailando no chão de comcreto
não quis comer minha cabeça
quis me ensinar como caminhar
no chão dos guardiões
foi enegrecendo uma noite quase amanhecida
que ela me ensinou com poucas palavras
que serei confortável se continuar
iluminando as ruas que eu andar
y
os corações que eu tocar

lendo as entranhas do meu ser
arquitetando as transformações
das encruzilhadas
a nega do samba no pé
desanuviou todo meu pensamento
anunciando que tô andando
no caminho certo

no dengo do início do dia
deitei pra dormir nas nuvens
no aconchego de um peito
descansante
demorei pra adormecer
porque as palavras
de olhar negro desmancharam
os embaraços segurando
minha mão
coberta numa capa preta
me protegendo dos males
que me encontrariam nas próximas
encruzilhadas do meu existir

corri gira e achei respostas
nas risadas escondidas
entre 4 paredes amareladas
achei resposta num samba no pé
num quadril rebolando
na fumaça de um maço de cigarro
nas gargalhadas
e na construção de um novo
quilombo

é na mesa de um bar
a beber e cantar
que viveremos de alegria
quando estivermos
coletivizando os afetos

foi numa noite mal dormida
mas muito bem vivida
que encontrei sonhos
sonhei junto e vivi muito
dormi tranquilamente
cheirando os cabelos do amor

axé pra quem é de axé
dengo pra quem é de dengo.