os enamorados.

estou lendo o livro amarelinho de ana suy e me tem feito repensar e revisitar lugares extremamente indigestos, mas depois de tudo que houve, acredito que esse é o melhor momento para retomar essa leitura.

depois de tanta fritação pensando em todos os cenários possíveis de como minha vida virou de cabeça para baixo quando urge a necessidade da mudança. me peguei fazendo uma lista de possibilidades de enfrentamento para algo que muito me dói e me desestabiliza. bem, eu já deveria lembrar com frequência que eu funciono de um extremo a outro para depois encontrar o caminho do meio… mas na prática, é mais difícil do que consigo escrever. abri as notas no celular para pautar uma próxima conversa com o ser amado e encontrei uma nota curta e muito direta do dia 12/04/2024.

o nome dela é: O QUE FAZER ANTES DA CIRURGIA!
enxerguei a minha versão com o absoluto medo de morrer entrelaçado com a vontade gigantesca de me lembrar que estava viva antes do seu maior ato de coragem… e, caí nesse choro copioso que sigo enquanto escrevo esse insight. trabalhei muito em análise esses pontos, tirei de letra nos últimos momentos.
são coisas simples demais como cortar o cabelo, tomar um banho de rio, deixar minhas senhas do banco com alguém, escrever cartas para meus amores e para mim pra ler daqui 1 ano. e, eu só fiz uma que era a primeira delas… pedir proteção do Sagrado.

lendo e relendo essa lista, me conectei com a profundeza do que foi o último ano e senti que tenho sido cruel demais comigo mesma. porra, exigir tantas coisas ao mesmo tempo e ser forte como um búfalo quando me sinto como uma fênix recém nascida de suas próprias cinzas é um cruel… é cruel como minha mente tá programada pra enxergar meu iminente fracasso e derrota que me deixará assolada em qualquer vala mais próxima.

aprendi que consigo me acolher e me cuidar quando estou adoecida e talvez é hora de aprender como que se cuida em outros âmbitos. passei tempo demais dedicando olhares para um só lugar e sabia que iria me desestabilizar por me desconhecer. é óbvio, o novo SEMPRE me assusta.
busquei forças onde não tenho conseguido entender as mensagens, o canal está com ruídos porque não permito escutar com ouvidos recém acordados… tem sido um desafio aprender a escutar os barulhos que minha cabeça certamente já fazia mas era silenciada pela dor física que assolava qualquer lugar de mim.

eu tenho sido cruel comigo mesma. a carrasca de mim novamente.

dizer para mim mesma que sou um fracasso e morrerei sozinha é a crueldade re-plantada por alguém que me contou essa mentira há mais de 10 anos. e, é aí que tenho esmorecido… é aí que tenho acreditado nessa atribulação anticonsciência.

talvez, o caminho seja mesmo seguir agora o check list das minhas necessidades de (quase) 3 meses atrás. cortar os cabelos, tomar um banho de rio, escrever… talvez, seja necessário voltar aos pequenos passos para caminhar grandes caminhos em breve.

porque aprende a acreditar em si, só depende da gente mesmo… que eu aprenda os caminhos de me olhar como olhos que enxergo quem amo. que nesse caminho eu saiba me dar bons conselhos como dou para quem acolho. que eu saiba confiar cada vez mais em quem me acompanha como falo para quem chegou agora a importância de se confiar naquilo que não se vê e só se sente.

acreditar em mim é traçar o caminho do meio e eu já dei os primeiros passos. tive coragem de ir embora, mesmo querendo ficar. tive coragem de me olhar no espelho e enxergar todas as falhas e angústias que gostaria que fossem resolvidas. tenho tido coragem de começar a tirar o véu dos olhos para enxergar com o coração.

afinal, o velho homem sentado em trono de ferro de quem sabia absolutamente quem era e o que desejava agora tem dúvidas e se conectou a dois mundos. enxergou a bifurcação e não sabe qual caminho tomar, mas sabe que há trabalho a ser feito. existem decisões a serem tomadas, pontes a serem construídas e decisões a serem tomadas quando encontra-se com dois jovens enamorados e atormentados pelo caminho da luxúria ou do divino. há caminhos a serem percorridos…