monstro relacional.

neurose y palavras.
2 min readSep 25, 2020

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Me relacionar com alguém tem sido uma das coisas mais difíceis e mais desafiadoras do último ano. Tem sido confuso e tenso, mas ao mesmo tempo bom.

Durante um bom tempo eu fiquei me perguntando se demonstrar afeto era uma coisa errada a se fazer e alguns casinhos, me disseram que eu sempre estragava tudo quando me envolvia emocionalmente.

Sempre me questionei até onde eu conseguiria me fazer de despegada e levar o lance adiante. E foi assim que permaneci e me firmei por um tempo, e aí eu conheci o atual namorado.

Não queria me envolver emocionalmente e nem ser amiguinha, só queria transar mesmo. Tava numa fase gostosinha da vida, transava com quem eu queria e fazia pouco tempo do primeiro término conturbado do meu rolê mais sério com mulher. E, definitivamente, eu não queria me machucar me envolvendo com alguém.

E aí, ele chegou e ficou. E está por aqui. Não tenho muito a reclamar dessa relação ou me incomodar, mas estar nela acorda meus monstros mais tenebrosos e que mais me entristecem. E aí, eu me fecho bem fechadinha e seguro a onda, o máximo que eu aguento sozinha.

Esses monstros sempre fogem quando eu os chamo para conversar, eles sabem que eu tenho medo deles. Eles jogam comigo. A gente sempre se esconde um do outro, mas sabemos que o Outro está ali e ele vai aparecer a qualquer momento.

Bom, existem momentos chaves e situações que me fazem querer desistir e seguir meu caminho sozinha. Não é fácil, mas os monstros sempre me sussurram que talvez seja o melhor caminho. E esse é o momento que eu passo o cadeado na caixa da paranoia e eu sinto mais vontade de estar perto e de me sentir acolhida pelo namorado.

Eu gosto de estar, ele me faz bem… Mas eu sinto vontade de ir embora e sei que, no fundo, é fuga. Sinto vontade de ir embora quando me sinto ameaçada e quando os monstros dele acordam os meus.

Dá uma dorzinha no fundo do peito e eu só sinto vontade de deitar e voltar pro lugar de onde eu mais demorei pra sair: o meu poço. Eu não gosto desse lugar, mas me sinto profundamente acolhida quando meus monstros se mostram vividos e mais presentes que nunca. No poço eu posso chorar, dormir, tomar remédio e sentir tudo à flor da pele. No poço, eu me permito ser fraca e sentir. E, sabendo tão claramente disso, me sinto tentada a voltar pra ele.

Eu ando cansada demais, depositando energia demais em coisas que eu entendo, mas talvez não queira. E é mais difícil de admitir pra mim mesma do que qualquer coisa.

Tô cansada demais pra lutar e enfrentar os monstros que foram acordados ontem com uma força avassaladora. Tô desgastada demais pra convidá-los pra tomar a porra desse chá amargo do caralho pra gente se resolver. E tô exausta de saber que seja nessa ou em qualquer outra relação, os monstros estarão aqui me cutucando e covitando entre eles qual vai ser a próxima estratégia pra me derrubar.

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Written by neurose y palavras.

escrevo como quem manda cartas de amor.

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