e vai acabar?
faz mais de um mês que tô bem afetada com tudo que anda acontecendo na minha vida.
bom, tem dias que as coisas estão menos penosas e que vai dar tudo certo e passarei por tudo sem muitos impactos.
na minha última sessão de terapia, minha psicóloga me alertou para as frustrações, para as complicações e dificuldades que poderiam me acometer ao começar a bater o martelinho da mudança na estrutura do que eu desejo modificar.
não tem sido fácil lidar com esse turbilhão de afetos que aparecem cada minuto em formas diferentes e em situações diferentes.
hoje, especialmente hoje, tô me sentindo sozinha e desamparada. trocada e facilmente esquecida. talvez tenha sido os meus traumas dando alô e utilizando meu espaço onírico para se fantasiarem e brincarem com minha psique. sei também que é minha sombra querendo me derrubar e confundir tudo aquilo que já construí durante os últimos anos.
não tá fácil. achei que conseguiria tirar de letra porque já não sou mais a mesma que já caminhou nessa estrada a alguns anos atrás, mas como eu me iludi… seria hipocrisia da minha parte dizer que tá do mesmo jeito que foi antes… não, não tem nem comparação.
só que eu não mantive o tempo todo na mente de que as conturbações e os medos seriam atualizados. quando eu penso nessa situação e de como eu tô lidando com tudo isso, são raros os lampejos de claridade que consigo ver que estou dando o meu melhor.
é mais fácil a minha mente repetir e repetir que posso fazer melhor, que não tá sendo o suficiente e que eu posso tentar até me esgotar… é tentador pra caralho seguir nesse caminho quando chego na bifurcação dessa estrada da escolha. de um lado tem um letreiro luminoso dizendo “este caminho é o que já conhecemos e estamos habituadas. é só vir!” e do outro é uma plaquinha de madeira escrita com uma tinta guache preta que carrega a seguinte frase: “estamos fazendo o melhor que podemos. não tá fácil, mas estamos indo bem! um dia de cada vez.”
e antes de passar por tudo isso eu já tinha escolhido o caminho da plaquinha de madeira. eu já tava sentindo que não escaparia de resolver esse acumulo de traumas ainda esse ano.
no início dessa crise, eu achei que morreria. sem exageros ou vontade de chamar atenção pra ver se alguém olhava pra me dar um colo. simples e rápido. morreu e enterrou. e eu tive medo. um medo tão grande que fiquei paralisada. não falei, não comi, não fiz xixi e mal respirei. só chorei e esperei acontecer.
não aconteceu. sigo aqui tentando mais outra vez. já vivi essa história e ela me dá calafrios só de retomar a consciência de que será a 9º vez. eu sinto vontade de correr pra algum colo que me ampare, entre soluços e lágrimas, falar assim: “por favor, não deixa eu ir de novo. tô cansada! me cuida aqui que eu não tô dando conta de mim.”
hoje é um dos poucos dias desse ano que eu fui dormir e acordei muito triste. tanto que dormir até muito tarde esquecendo propositalmente que precisava tomar 3 dos 9 remédios que estou tomando atualmente. eles são para evitar dor do pós-operatório. e nada de curioso ou novo por aqui… sentir dor e me causar dor. eu conheço e sou habituada a ocupar este lugar.
acordei com vontade de esvaziar o peito com os cortes na coxa. e fazem dias que venho tentando outra forma de aliviar e não consigo mais fingir que não tô com vontade e que é tudo que eu preciso agora… tento falar pra mim mesma toda hora: existem outros métodos pra lidar com isso. eu já aprendi outras ferramentas que posso por em prática agora.
é difícil demais travar uma luta consigo mesma todos os dias. só que dessa vez, eu já sei os caminhos que trilhei e as ferramentas que usei. não preciso resetar e começar do zero. só preciso por o pé no chão, reorganizar e lutar. já recordei. estou repetindo e sinto que tô no início da elaboração.
e eu tô tentando. tô me movimentando. e tô me esforçando para não ser telespectadora da minha própria vida. esse filme é meu e eu que dirijo.
eu cansei de ser resiliente e tentar. modificar estratégia. ser resiliente de novo. eu só quero ser feliz por um tempo mais longo do que o de costume.
e sei que não tá perto de acabar. e quem garante que um dia tudo isso acabe?