E quem é você?
Quem é tu que chega no meu canto, no meu espaço, dentro dos meus limites e me diz nas entrelinhas que está errado?
Quem é você que chega cheia de autoridade me dizendo com teu tom passivo-agressivo de que sou uma mulher de pouca fé?
Quem és tu que tem a ousadia de questionar os lugares que labutei muito para encontrar e me diz que são os caminhos errados?
De onde nasce essa inquietação que mina meu solo fértil e produz frutos de angústia e raiva advindo árvores ocas, mas cheias comandos autoritários e discursos não-ouvidos?
De onde nasce essa vontade incessante de dizer nas entrelinhas carregadas 'eu sou assim, eu tô falando de mim’, que estou trilhando errado os meus caminhos?
Me questiono meses a fio, o que tu queres de mim? É um terreno dividido que verbaliza vorazmente aquilo que não é escutado.
Será que preciso ser cobra? É preciso ser quieta, observadora, silenciosa e rasteira. Faz sentido?
A indagação me inunda e, quase afoga, com tantas pontas-analíticas soltas no tecer dessa rede. É da indigestão, do desconforto e do questionamento do meu lugar que nasce um fio-teia-de-aranha frágil e sujo dessa rede.
Já tentei cortar outras vezes, mas a tesoura tá cega de tanto forçar uma ruptura. Notei ainda a pouco, o que tirou o fio da tesoura foi a cola que o fio está lambuzado.