e o adeus?

neurose y palavras.
2 min readOct 5, 2024

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andei pensando em como seria o adeus e como ele se dá…
bem, se o amor é construído dia a dia, o adeus também é e não acontece da noite pro dia

às vezes, o adeus vai dando as caras quando as coisas mínimas do dia-a-dia irritam… um copo sujo, um banheiro por lavar, uma roupa jogada por aí, um não-movimento que não dá retorno e eu não sei onde e nem como… só sei que constrói-se e todos os dias a gente dá adeus a algo, alguém e até nós mesmos

talvez, a grande dúvida é que confunde-se dúvida com dívidas não-pagas e não-lugares que jamais encontrarão uma cadeira para sentar e descansar enquanto busca seu lugar

já me perguntei se ficar as voltas em nome de um amor que já teve seus dias de glória na esperança que ele renasça mais potente assim como me transformo depois de cada morte anunciada resolveria esperar mais um pouco... bem, talvez seja fácil pra mim, o rei da vida e da morte impera em meu Orí e ele está me ensinando quando não há mais vida a ser cultivada é preciso pôr os pés no chão e riscar na terra os limites da importância do sepultamento de um amor encorpado. aquilo que não tem mais como florescer e/ou dar frutos, precisa morrer. quem sabe renasça… quem sabe apodreça sendo roído pelos vermes…

o adeus fundamenta a morte daquilo que fomos e que jamais retornaremos a ser. o adeus rompe, atropela e devasta… mas às vezes, ele vem em silêncio depois de tanta água de olho que caiu na terra seca e onde esperava-se observando desesperadamente o brotar da flor de lótus, mas só sobrou poeira e a água de olho secou segundos depois de tocar a terra que já fora fértil, mas ela perdeu seu encanto, sua magia e sua força de viver

ela perdeu seu amor pois os caminhos foram traçados sob o distanciamento planejado pela mulher que cuida das almas… ela avisou muitas e muitas vezes…

abraçada em seus cabelos negros ela pinta minha boca, meus olhos, enxuga minhas lágrimas como seu eu fosse Inaura e põe aos gritos pra tocar em meus ouvidos que sei que aí dentro ainda mora um pedacinho de mim e que um grande amor não se acaba assim, feito espumas ao vento mas que dói, dói, dói e que bebo toda pra curar a minha dor.

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