domingo.
Hoje é domingo. E dia dos pais.
Fazem alguns bons anos que não passo esse dia com o meu. Fiz vários planos de aproximação perante o Divino Mistério em Janeiro.
Mas, eu esqueci que não sou eu quem planejo nada e o Universo funciona exatamente como precisa funcionar.
O domingo, pra mim, sempre teve um Q de morbidade e melancolia. E sempre amenizo esse sentimento ao fim da tarde me balançando na rede, ouvindo música e observando o céu escurecer.
Bom, hoje não tem rede e balanço. Mas tem janela do quarto do hospital, soro correndo nas veias aliviando a queimação dos antibióticos e dos remédios pra dor, música rolando nos fones… Eu me classifiquei como sortuda porque vejo o céu e sinto o vento ao observar o balanço das folhas da pequena árvore que fica quase ao meu lado.
Hoje, especialmente hoje, eu tô me sentindo sozinha e não tô sabendo lidar. E comecei a me questionar do por que desse sentimento tão potente agora… Estamos em meio uma crise sanitária e não vejo minha família faz uns bons dias pois está proibida a visita. Vi meu namorado na quinta, exalando desconforto porque foi preciso transgredir para ganhar um abraço, segurar meu soro para que eu pudesse vomitar em paz.
Pedi que ele viesse me ver hoje que iria lá na recepção, no meu ritmo e respeitando meu corpo. Hoje é dia de plantão e ele também tá lidando diretamente com a crise sanitária e está visivelmente cansado e tudo bem, nos vemos amanhã.
Pedi que minha mãe viesse me ver e ficou para amanhã também. E, tudo bem também. Me sinto bem e confortável ao vê-la descansar. E se divertir também.
A semana foi intensa para todes nós. Não foram dias fáceis. Foram absurdamente cansativos, doloridos e confusos. Todos nós merecemos descansar e se distrair. Eu achei lindo que apesar dos apesares e de tudo que estamos vivendo juntes, todes nós conseguimos usufruir dos pequenos prazeres da vida e cada um da sua forma!
Hoje, a regressão veio bem mais forte que os dias anteriores. Eu só queria sentar num colo e alguém pra fazer um carinho na minha cabeça e dizendocque ficará tudo bem enquanto limpasse minhas lágrimas. Durante essa semana, minha criança interior se desesperou com o desamparo físico diversas vezes. E eu chorei e esperneei no banho sentada na cadeira porque não tinha força o suficiente para chorar e me manter em pé.
Mesmo não tendo o afeto físico, recebi afeto de toda os lados possíveis! Veio afeto da Austrália, da Paraíba, de São Paulo, de Fortaleza, da minha terra natal, do Arco Íris… de todos os lugares possíveis! E eu me senti amada e cuidada por cada um que está mandando energia positiva pra mim.
Eu já estive nesse lugar. Fiz os mesmos procedimentos. Eu chorei, quis desistir. E eu não sabia do tamanho da minha força.
Hoje, retornei à este lugar, mais resiliente, mais forte e com o mínimo de noção do tamanho da minha força. Eu não sou mais aquela que esteve aqui anos atrás. E isso me dá força e vontade de viver cada momento desse convite do Universo para que inicie meu processo de cura por completo.
Gratidão ao Divino Mistério. Ao Universo. À Corte Celestial. Aos Orixás. Aos Deuses. E a todos os Seres Divinos!
Gratidão à todes que estão por mim!
Em especial aos meus pais, que estão movendo céus e terras para que ocorra da melhor forma possível. À minha filha, que está sendo minha fonte de luz e amor. E ao meu parceiro, que não arredou o pé em nenhum momento e que está aqui, sendo junto comigo.
Tô firme e confiando no Poder!