cada amor é único!
Durante um banho de rio, meu companheiro falou ou fez algo que me deixou feliz e eu disse:
“-Eu nunca amei ninguém como eu te amo!”
E de fato, nunca amei ninguém como eu o amo. Nenhuma experiência de relações românticas podem ser comparadas entre si. Arrisco em dizer que quando fazemos comparações entre os amores que já tivemos pode ser injusto com aqueles que nós mantivemos um laço durante o tempo X.
Bom, por que injustiça? Talvez, a gente nem perceba que faz, mas temos a péssima mania de idealizar certas relações. E como sabemos, ou deveríamos saber, o ideal é inalcançável. Comparar um amor com um outro amor é comparar pessoas. É comparar histórias que nem trilharam o mesmo caminho e que te deram o amor que podiam te dar naquele momento. É comparar injustamente momentos que você fantasiou como deveriam ser e nem foram aquilo tudo, aí você se sente frustrade e se acha no direito de comparar um amor, uma vivência plural com outro amor e outra vivência plural. Entendeu?
Quando vejo que já fiz comparações idealizadas de algumas relações que tive, vejo o quanto eu anulei as pessoas com quem eu me relacionei. Primeiro porque não sabia sobre o amor romântico e os danos que nos causa. Segundo porque eu sempre quiser viver um amor de filme, daquelas paixões arrebatadoras que só de olhar alguém me apaixonaria perdidamente pela pessoa perfeita.
Aí eu cresci e conheci a não-monogamia e tomei ciência da grande merda que foi a colonização e toda besteira que enfiaram nas nossas cabeças para acreditar no amor perfeito com alguém perfeito… E aí, que eu sofri toda a minha adolescência e parte da vida adulta até entender que as coisas não funcionam assim.
E é nessa relação com meu companheiro que me fez ver o quanto é importante humanizar quem você se relaciona. O quão é importante você respeitar o outro e principalmente, o que o outro sente e como sente. É importante que seja normalizado algumas falas e posicionamentos.
Eu sou do time que sempre quis um relacionamento na base de conversas para compreender com o outro se sente e ter alguém que me escutasse. E quando chegou essa relação, eu tive medo e fiz tudo aquilo que escrevi aqui: comparei uma relação com as outras.
Hoje, eu me dou conta de que cada coisa que eu vivo em qualquer das relações que eu esteja inserida no momento, elas serão únicas. Pode até acontecer coisas semelhantes, mas nunca serão iguais porque as pessoas, os momentos e as vivências nunca são iguais. Todos nós somos seres em constante mudança, mesmo que geralmente a gente não perceba.
Cada tempo é único. Cada relação é única e sagrada. Todo e qualquer vínculo construído durante toda a nossa vida até hoje teve/tem/terá alguma função. Pode ser a função de nunca mais aceitar migalhas. Pode ser a função de buscar que os próximos relacionamentos sejam pautados no diálogo, na sinceridade e humanização do outro. Pode ser também a função de nunca mais querer ter uma relação igual aquela que você viveu e mais doeu do que riu…
Nenhuma pessoa cruza nosso caminho em vão.
E é por isso que eu faço questão de ter claro aqui dentro que eu não amo ninguém igualmente e que não existe explicação pra isso… Eu só sinto.
O amor não é feito pra cobrar e exigir. O amor é aquilo que a gente dá de graça, que dá porque quer… O amor é um sentimento que vai, volta, sempre dá laços e nunca dá nó. O amor é ressignificar e explodir em outros caminho, em outros corpos e outros dedos, outros cabelos e sempre guardar um pedacinho daquilo que já fomos com alguém e que seremos após aquele alguém ter feito morada no nosso peito. Ou talvez, explodir naquele mesmo espaço seguro mas nunca mais ser o que foram algum dia… O amor é ser a grandeza de duas ou mais pessoas respeitando aquilo que já carregamos de outros amores até os caminhos se encontrarem.
E é por isso que eu digo: cada amor e único!